A investigação vai ajudar a perceber melhor o processo de mestastização de tumores nos seres humanos.
Um equipa de cientistas identificou casos de transmissão de cancro entre ‘populações’ de amêijoas, berbigão e mexilhões nas águas da costa do Canadá e na ria da Arousa, na Galiza, em Espanha. De acordo com os especialistas, a transmissão ocorre não só entre indivíduos mas também entre espécies. De referir que o resultado do estudo – publicado na revista Nature – ajudará a perceber melhor o processo de mestastização de tumores nos seres humanos. Mas não há motivo para alarme: quem gosta de comer estes petiscos não corre qualquer risco.
Em 2015, Michael Metzger, do departamento de Bioquímica e Biofísica Molecular da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, esteve muito próximo de identificar as formas de leucemia agora detetadas debaixo de água. Nessa altura, a sua equipa anunciou na revista Cell a descoberta de cancro transmissível em bivalves, especificamente numa espécie chamada Mya arenaria, tendo sido o primeiro passo para as últimas descobertas.
Menos de 12 meses depois, a mesma equipa conseguiu concluir que “os cancros contagiosos – linhagens de células de cancro transmissíveis – são muito mais comuns no oceano do que se supunha”, pelo menos no que se refere aos moluscos. De acordo com o professor universitário Stephen Goff, o trabalho revela que “o oceano é, aparentemente, um mar de células infeciosas que podem invadir animais suscetíveis”, como é o caso dos moluscos, pelo facto de se alimentarem filtrando grande volumes de água do mar.